domingo, 14 de julho de 2013

Filipe Faria - Entrevista com o escritor


 
Filipe Faria é um contador de histórias nato. Possuidor de uma “imaginação fervilhante”, capaz de criar mundos alternativos onde a fantasia reina sem limites.
Com apenas 31 anos, soma no seu currículo, nove obras originais publicadas, dois prestigiantes prémios literários e participações, como escritor, em diversos outros projetos. É, ainda, autor aprovado pelo Plano Nacional de Leitura, com o livro “A Manopla de Karasthan”.




Obras literárias de Filipe Faria



Coleção As Crónicas De Allaryia

A Manopla de Karasthan                                         Os Filhos do Flagelo                                           Marés Negras
   (Ler excerto)                                                            (Ler excerto)                                                (Ler excerto)


Essência da Lâmina                                Vagas de Fogo               O Fado da Sombra                               Oblívio
                                                            (Ler excerto)                   (Ler excerto)                                  (Ler excerto)


 Coleção Felizes Viveram Uma Vez

                                                        O Perraultimato                  O Adersenal
                                                (Ler excerto)                (Ler excerto)

 O Filipe concedeu uma entrevista ao 100% Fantasy onde nos conta um pouco sobre o seu mundo. Sempre agradável e bem-disposto deu-nos uma perspetiva desde os seus anos no Colégio Alemão até aos dias de hoje.
Esperamos que seja do agrado dos muitos fãs e que possa ser um incentivo e uma descoberta para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de contactar com as obras deste autor. 


 
Entrevista

O Filipe ingressou muito novo na Escola Alemã de Lisboa e permaneceu lá até completar o ensino secundário. O que lhe trouxe de especial o contacto com a cultura alemã?
Uma perspetiva diferente, acima de tudo, pois a cultura alemã e a portuguesa têm muito pouco em comum. Para a minha futura carreira de autor, o mais importante foi a vivência de ter passado uma infância em dois mundos, pois uma vez atravessados os portões da escola, era como se entrasse noutro país. Falava-se Alemão, ouvia-se Alemão e as coisas pareciam funcionar de forma diferente, sobretudo aos olhos de uma criança.

Iniciou-se no mundo da fantasia literária através de Tolkien. Além do mestre do género, que outros autores tem como referência?
Tolkien continua a ser a única verdadeira referência para mim, mesmo após todos estes anos. Os outros são apenas autores de livros que gostei ou não de ler.

Diz-se um apaixonado por fantasia. O que mais o encanta neste género?
Nenhum outro género literário «puxa» tanto por mim e pela minha capacidade de reprodução mental daquilo que leio - a meu ver, um dos maiores benefícios da leitura. Por alguma razão, foi graças à fantasia que comecei a ler por iniciativa própria, pois foi esse o único género capaz de dar resposta à minha fervilhante imaginação na altura e  continua a ser para mim o mais apelativo, em virtude da sua ausência de limites e restrições.

Começou a escrever a sua primeira obra “A Manopla de Karasthan” com apenas 16 anos. Como surgiu a ideia e onde se inspirou?
É-me impossível precisar como tudo surgiu e onde me inspirei. A Manopla de Karasthan foi um culminar de toda uma infância de ideias e inspiração (comecei a tirar os primeiros apontamentos aos 12 anos) e posso listar como influências filmes, jogos, livros, documentários, banda desenhada, desenhos animados e até uma excursão fictícia a Trás-os-Montes. Daí o afamado «efeito manta de retalhos» do primeiro volume d'As Crónicas de Allaryia, porque esse livro foi em grande parte o resultado de um jovem imberbe e com uma imaginação hiperactiva a tentar meter num só livro tudo aquilo que adorava na fantasia.

Em Novembro de 2001, venceu o Prémio Branquinho da Fonseca, organizado pela fundação Calouste Gulbenkian e o jornal Expresso e no ano seguinte é o Autor Revelação na Literatura Infantil e Juvenil do Prémio Matilde Rosa Araújo. O que sente um jovem de 20 anos ao vencer dois prémios com esta importância, num tão curto espaço de tempo?
Sente-se muito bem. Eufórico, mesmo. Sente que realizou um sonho, com todas as impressões positivas que isso acarreta, e que é o melhor autor do mundo e arredores. Pelo menos durante umas semanas.

Contamos, desde 2002, com nove obras originais editadas sob a chancela da Editorial Presença, o que corresponde a cerca de um livro por ano. Qual o segredo desta fonte criativa tão produtiva?
A supra-referida imaginação fervilhante, que, salvo anos de interregno ou repouso, precisa sempre de um qualquer escoadouro. Quando era criança, inventava histórias, contava mentirinhas elaboradas e desenhava, e mais tarde descobri que a escrita era a forma mais compensadora e consistente de dar vazão aos sucos criativos.

O Filipe participou em projetos, enquadrados fora da sua área habitual de trabalho, como Leopoldina e a Ordem das Asas, O Barão foi para o Boneco, e Talismã. Quais as principais dificuldades com que se deparou?
À parte da Leopoldina - que, em virtude do seu público-alvo infantil, me obrigou a uma complicada mudança de registo - não senti qualquer dificuldade de maior. O Barão foi para o Boneco era surreal q.b. e foi um caso de inspiração fulminante, e o Talismã era uma obra de fantasia na qual as minhas palavras eram auxiliadas por desenhos. Foram todos desafios diferentes, com maiores ou menores graus de dificuldade, e cada um me deu um tipo de prazer peculiar ao ser concluído.

Depois de sete livros, a saga “As Crónicas de Allaryia” terminou com “Oblívio”. Como vive um autor o final de um longo ciclo de criação como este?
As palavras-chave aqui são «terminou» e «ciclo». Ou seja, ainda tenho mais histórias para contar em Allaryia e lá voltarei para relatar as novas aventuras dos companheiros. Logo, vivi o final deste ciclo com um misto de alívio, tristeza e entusiasmo: alívio por ter conseguido levar a cabo esta tremenda empreitada, tristeza por ter concluído um capítulo que jamais se irá repetir e entusiasmo em antecipação das histórias que ainda tenho por contar.

No passado dia 06 de Junho foi lançado no mercado o seu mais recente livro “O Andersenal” pertencente à saga “Felizes Viveram Uma Vez”. Qual a origem do título desta saga? Quais as principais diferenças desta saga relativamente às Crónicas de Allaryia?
O título da saga é uma justaposição entre as célebres frases que abrem e fecham muitos contos de fadas, "era uma vez" e "viveram felizes para sempre". O seu significado torna-se evidente quando o leitor depara com um mundo em que existe uma noção implícita de que as personagens dos contos de fadas viveram felizes certa vez, mas agora decididamente não é esse o caso, pois todas as histórias parecem ter acabado mal por um qualquer motivo. Resta a cinco eleitos - cinco personagens conhecidas e menos conhecidas do público em geral, que se vêem unidas por um irresistível propósito que desconhecem - a inglória tarefa de descobrirem o que se passou, quando algumas delas nem acreditam que algo se tenha passado. Talvez o destino das histórias sempre tivesse sido o de acabarem mal, e num mundo em que a maldade parece imperar, essa realidade torna-se difícil de negar.
Em relação àquilo que diferencia Felizes Viveram Uma Vez das Crónicas de Allaryia, talvez seja mais simples listar as semelhanças entre os dois: são ambos séries de fantasia, e tanto um como o outro relata as aventuras de um grupo enquanto este viaja por um mundo fantasioso fora. As parecenças acabam aí, contudo, sendo que a principal distinção é o facto de que Allaryia era um mundo habitado por personagens de minha inteira criação, ao passo que o mundo de Felizes Viveram Uma Vez é um universo partilhado em que as personagens dos contos de fadas da nossa infância coabitam.

Projetos para o futuro?
Estou ligeiramente indeciso. Após quinze anos de disciplina e consistência inabaláveis, não queria agora tornar-me num salta-pocinhas literário, mas a verdade é que, enquanto escrevia Allaryia, ia tendo uma série de ideias que fui arquivando à medida que os anos iam passando. Uma delas era, precisamente, o Felizes Viveram Uma Vez, mas nesta altura sinto-me criativamente puxado em diversas direções, incluindo um certo volume de interregno que tinha planeado para servir de «ponte» entre os ciclos de Allaryia. A prioridade será concluir o Felizes Viveram Uma Vez, evidentemente, mas sinto que estou à beira de uma fase de rutura com o meu modus operandi de fazer apenas uma coisa de cada vez - porventura uma versão literária da crise de meia-idade. Felizmente, os volumes de Felizes Viveram Uma Vez são pequenos (pelo menos quando comparados ao padrão allaryiano), o que me dá outra margem de manobra e talvez possa facilitar todo o processo. A ver vamos.


O 100% Fantasy gostaria de agradecer toda a disponibilidade prestada pelo escritor Filipe Faria e desejar-lhe muito sucesso. 

Fontes:
http://www.presenca.pt/autor/filipe-faria/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filipe_Faria
http://www1.ionline.pt/conteudo/110712-filipe-faria-sozinho-construiu-um-mundo-e-vendeu-60000-livros
http://portalivros.wordpress.com/2013/06/16/filpe-faria-lanca-o-andersenal-livro-2-de-felizes-viveram-uma-vez/
http://www.branmorrighan.com/2010/03/filipe-faria-escritor-portugues.html
http://correiodofantastico.wordpress.com/category/autores-portugueses/filipe-faria/
http://www.outrapresenca.com/index.php?option=com_content&task=view&id=59&Itemid=6
http://www.branmorrighan.com/2012/05/entrevista-filipe-faria-inicio-da-serie.html
http://asleiturasdocorvo.blogspot.pt/2013/06/o-andersenal-filipe-faria.html



2 comentários:

  1. Muito boa a entrevista, parabéns :) E obrigada pelas fontes, claro.

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    1. Muito obrigada. Foi um prazer entrevistar o Filipe Faria.

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